segunda-feira, 30 de novembro de 2009

UM POUQUINHO DE GESTAR

JUSSARA DE LIMA CLEMENT FERREIRA

Aula 5 – Interpretando Poemas

Vocês já repararam como os artistas adoram interpretar poemas? De repente, na boca de um personagem de uma novela, ou numa entrevista, surge um trecho de um poema, lembrando assim, sem mais nem menos... É que a poesia nos marca muito, e está na nossa vida desde o nosso nascimento, ou até antes, quando ainda estávamos na barriga da mãe, e ela cantarolava arrumando nosso enxoval. Também os sábios e os inventores jamais dispensaram a poesia, porque eles sempre souberam a importância de cultivar nossas emoções e nossa sensibilidade, independentemente de nossa idade, sexo e profissão.

Pois hoje propomos a vocês uma atividade em três etapas.
ATIVIDADE:

1. Na primeira, vocês vão procurar um poema de qualquer época e de qualquer autor, sobre qualquer assunto. O importante é que cada um adore o poema que escolher.
2. Na segunda etapa, cada um vai ler e reler o poema, mergulhar nas suas palavras, nas suas emoções. Vai ensaiar bastante a sua leitura. Se quiser, ensaie junto de um colega e ouça a opinião dele sobre sua leitura.

Lembrem-se: ler um poema não é fazer teatro. É preciso naturalidade, imaginar o tom em que o poeta diria o seu poema (baixinho, intimista? devagar aqui, mais rápido ali...)

3. A terceira etapa é a interpretação do poema para a turma (ou para outras turmas também, dependendo das combinações).

Eventualmente, conforme o poema, você e outros colegas podem fazer um jogral. Para isso, é preciso que o poema sugira mais de uma voz (ou tom), que tenha repetições interessantes, um refrão, por exemplo.
Em outros casos, vocês podem pensar num fundo musical, bem adequado para o poema escolhido.
Se houver condições, informe algo – pouca coisa, para não mudar o clima poético – sobre o autor, antes de falar o poema.
Atenção! O poema não precisa ser memorizado.
Depois da experiência, avaliem com seu professor: poemas de que mais gostaram, interpretações que mais emocionaram vocês, a facilidade (ou dificuldade) da atividade, etc.


POEMAS UTILIZADOS POR MIM E POR 5 ALUNOS:

Poema recitado por Jussara Clement

Os Ombros Suportam O Mundo
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.



Poema recitado por Charlene Lima

Poema para a mãe
AUTOR DESCONHECIDO

Mãe,
Que ao dar a bênção da vida, entregou a sua...
Que ao lutar por seus filhos, esqueceu-se de si mesma...
Que ao desejar o sucesso deles, abandonou seus anseios...
Que ao vibrar com suas vitórias, esqueceu seu próprio mérito...
Que ao receber injustiças, respondeu com amor...
E que, ao relembrar o passado, só tem um pedido:
DEUS, PROTEJA MEUS FILHOS, POR TODA A VIDA!



Poema recitado por Wesley Lima

Em busca da esperança
AUTORIA PRÓPRIA

Sou um pássaro sonhador
Não vim ao mundo só para voar, mas sim acreditar
Vivo voando, a todo lugar
Meio perdido, sem ter ninho para pousar.
Sou guerreiro, Sou criança em busca da esperança
Pela sombra da vida, uma paz concedida
Onde eu possa assim pousar



Poema recitado por João Victor Dias

Leito de folhas verdes
GONÇALVES DIAS

Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.

Eu, sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.

Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.

Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!

A flor que desabrocha ao romper d`alva
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.

Sejam vales ou montes, lago ou terra,
Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,
Vai seguindo após ti meu pensamento;
Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!

Meus olhos outros olhos nunca viram,
Não sentiram meus lábios outros lábios,
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
A arazóia na cinta me apertaram

Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
Já solta o bogari mais doce aroma;
Também meu coração, como estas flores,
Melhor perfume ao pé da noite exala!

Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes
À voz do meu amor, que em vão te chama!
Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil
A brisa da manhã sacuda as folhas!



Poema recitado por Missilene Jesus

Classificados poéticos
ROSEANA MURRAY


Atenção! Compro gavetas,
compro armários,
cômodas e baús.

Preciso guardar minha infância,
os jogos da amarelinha,
os segredos que me contaram
lá no fundo do quintal.

Preciso guardar minhas lembranças,
as viagens que não fiz,
ciranda, cirandinha
e o gosto de aventura
que havia nas manhãs.

Preciso guardar meus talismãs
o anel que tu me deste
o amor que tu me tinhas
e as histórias que eu vivi.



Poema recitado por Silvano Miranda

Não ganho o mundo, mas conquisto você
AUTORIA PRÓPRIA


Fui no céu, peguei uma estrela
Fui no jardim, peguei uma flor
Vim pra terra, escolhi você para ser meu amor.

Rua de Saudade
Código de Solidão
Praça de Amor
Telefone da Paixão

A distância pode separar dois olhares
Mas nunca dois corações

A felicidade é uma palavra de dez letras. A minha, resume-se apenas quatro: VOCÊ

Amor, você pode me fazer esquecer o mundo
Mas o mundo jamais pode me fazer esquecer de você

Amor, quando pensar que não é nada para o mundo
Lembre-se que você é o mundo de alguém

Quero escrever na água como escrevo na areia
Escrever seu lindo nome no sangue da minha veia.




PARTES E TEMPO DOS FILMES:

MENTES PERIGOSAS & SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS

MENTES PERIGOSAS
Cenas:
  • PARTE 7 – do início da cena até o minuto 00:47:16, depois do minuto 00:47:56 até tocar o sino.
  • PARTE 9 – de 00:54:01 até 00:57:30.
  • PARTE 10 – de 01:07:07 à 01:08:49.
  • PARTE 11 – de 01:14:39 à 01:17:08.
  • PARTE 13 – do início da cena 13 até 01:25:54.
  • PARTE 14 – toda o capítulo.

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS
Cenas:

  • PARTE 2 – do início até o minuto 00.16:54.
  • PARTE 3 – do início à 00:26:46.
  • PARTE 5 – de 00:43:00 à 00:44:30.
  • PARTE 6 – de 00:54:20 até 00:57:57.
  • PARTE 7 – do início até 01:05:45.
  • PARTE 10 – de 02:00:09 até o final.


MÚSICAS INTERPRETADAS DURANTE O MOMENTO DA PRODUÇÃO ESCRITA

AQUARELA
Toquinho

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...

Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...

Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...

Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...


Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...

De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (Que descolorirá!)
Giro um simples compasso num círculo eu faço o mundo (Que descolorirá!)...


CORAÇÃO DE ESTUDANTE
Milton Nascimento

Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar

Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor

Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu

Mas renova-se a esperança
Nova aurora, cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor flor o o e fruto

Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo

Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração,
Juventude e fé.

AVANÇANDO NA PRÁTICA

Sugerimos que trabalhe com seus alunos um dos poemas mais conhecidos de Carlos Drummond de Anddrade, extraído de seu primeiro livro. Publicado em 1930: Alguma poesia.O poema, como você verá, traz novas idéias sobre nosso assunto – cidades.

Cidadezinha Qualquer

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

ANDRADE, C. D. de. Poemas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.p. 165.

O trabalho com este poema pode ser feito em qualquer uma das séries para as quais você dá aula, variando, naturalmente, a profundidade das questöes propostas. Os passos sugeridos são os seguintes:

1 - Conversa com os alunos sobre o autor, a época em que ele escreveu o poema que vai ser lido, o lugar onde nasceu e sobre o qual está falando no poema. Tente ajudar os alunos a imaginar como seria a cidade de Itabira, um pouca antes de 1930. Procure ajudar os alunos a fazerem um depoimento sobre a sua cidade e a falarem sobre outras cidades que conhecem (ainda que de liivros e reportagens). Ajude-os a explicitar eventuais desejos quanto a morar ou viajar para outras cidades.

2 - Apresente apenas o título do poema e ajude os alunos a formularem hipóteses sobre o que o poeta nos apresenta nesse texto.

3 - Leia você o poema, para a turma. Não se esqueça de preparar a leitura em voz alta, conforme já sugerimos.

4 - Ouça a opinião deles sobre o poema: gostaram ou não; é difícil ou não; é simples ou não, etc.

5 - Incentive-os a dizer o que sentiram e entenderam do poema.

6 - Procure sempre ajudar os alunos a encontrarem no poema algum elemento para “justificar” cada impressão apresentada sobre o texto. Não censure as opiniões, e tente fazê-los progredir na compreensão do poema.

Para isso, apresentamos a seguir algumas sugestões de pontos interessantes para serem observados no poema. Mas não se preocupe em explorá-los todas: são apenas pontos para orientar sua própria leitura e ajudá-lo a formular as perguntas mais interessantes para a sua turma.

A) O poema é muito curto e, nas 3 estrofes, só apresenta um adjetivo (besta). No entanto, temos a impressão de um juízo de valor em todo o texto, desde o título. O diminutivo, seguido de um termo que tem valor adjetivo (qualquer), já parece trazer um elemento negativo, que só vamos perceber com clareza no último verso.

B) A estrutura do texto é bastante simples.

a) Na primeira estrofe, temos uma descrição de “dentro de casa”, onde estão as mulheres. Note que todos os elementos dos dois primeiros versos são femininos e plurais. Nesse ambiente de casa, há alguma coisa funcionando: a natureza (bananeiras, laranjeiras, pomar) em harmonia com o universo feminino (casas, mulheres), o que redunda em amor e canto. No entanto, a frase é nominal; construída sem verbo: é uma cena estática, como uma fotografia.

b) A segunda estrofe tem 4 versos, 3 dos quais com a mesmíssima estrutura (artigo indefinido, substantivo masculino comum concreto, verbo e advérbio), com a variação única do núcleo do sujeito (homem, cachorro, burro). É uma cena “fora de casa”, “na rua”, onde estão (naturalmente...) os elementos masculinos. Nos 3 versos, eles vão... aonde? A lugar nenhum! O verbo “vai”, sem complemento sugere um andar sem objetivo, sem rumo, que iguala os 3 animais. Por isso, vão os 3 devagar. É a mesma rotina da primeira estrofe, só que menos significativa, ainda: é a rotina do “nada para fazer”. A novidade da estrofe fica por conta do último verso, que inverte a posição do advérbio, que ganha nova conotação: as janelas “olham com cuidado”, pelas festas, abertas sem barulho, para não serem notadas. Janelas, aqui, significa possivelmente as mulheres, que vigiam a rua com curiosidade e vêem que a “liberdade” da rua não serve para coisa alguma para quem não encontra objetivo na vida. Temos aí frases verbais, mas a “câmara lenta” é incrível, criada pela falta de objetivo para fazer algo. Há um verbo de ação, mas a ação do verbo é quase apagada, o movimento é quase nulo, seja pelo valor do advérbio, seja pela repetição da estrutura, que sugere rotina e monotonia. (Veja que os 3 elementos poderiam estar reunidos num período simples com sujeito composto: Um homem, um cachorro e um burro vão devagar. Mas o poeta faz questão de separá-los em períodos independentes, como se não fosse clara a ligação entre eles. Ao contrário, na primeira estrofe nem há pontuação entre os termos da enumeração: todos os seres estão como que ligados pela falta de pontuação e pela preposição “entre”.

c) A terceira estrofe é uma explosão de emoção. De quem? Do poeta, certamente, mas também pode ser das mulheres, que, recolhidas em suas casas, poderiam imaginar uma vida com mais sentido, talvez. O adjetivo “besta” é muito significativo nesse sentido: a vida dos homens sobretudo é animalizada, por falta de objetivo, do que fazer. “Besta”, como substantivo, significa “animal”. Veja que a estrofe começa e termina com interjeição, para caracterizar o desabafo. (“Meu Deus” não é vocativo, mas interjeição.)

C) Para mostrar esse ambiente simples, nada melhor do que a linguagem simples e um poema curto e sobretudo sem “enfeites”, sem rimas e métrica variada. Os “incautos” acham que até dá “pra fazer um poema desse jeito”. (O modernismo tem muito dessa busca do cotidiano e da só aparente facilidade.)

7 - Estudadas questöes do poema e garantida a sua compreensão, convide os alunos a prepararem a leitura em voz alta do poema. Pode ser uma interpretação individual, ou conjunta. A última estrofe, todos lêem, em tons diferentes, repetida a frase como num eco, cada vez mais fraca, até desaparecer.

8 - Você pode sugerir que procurem outros poemas que apresentem cidades. Podem pegar exemplos na música popular brasileira, pródiga em composiçöes sobre nossas cidades.Peça que cada grupo observe as posturas diferentes diante das cidades, em cada poema selecionado.

9 - Nesse momento, o aluno deve sentir-se preparado para opinar sobre cidades, o que elas podem apresentar de bom e de mau; qual seria a cidade de seus sonhos. Podem estar prontos para escrever sobre sua cidade, ou outra para a qual adorariam ir... Chegamos, assim, à percepção de que a leitura, que depende muito dos conhecimentos prévios do aluno, é, por outro lado, uma das melhores formas de ampliar tais conhecimentos. Mas isso você vai ver, devagar, mais adiante...


LER DEVIA SER PROIBIDO

(VÍDEO CAMPANHA DE INCENTIVO À LEITURA BASEADO NO TEXTO DE GUIOMAR DE GRAMMON)

«Pensando a respeito, eu acho que ler devia ser proibido.
Nada contra quem ler, mas de certas coisas nao se duvidem, ler nao é nada bom.
A leitura nos torna incapazes de suportar a realidade. A leitura tira o homem de sua vida pacata e o transporta à lugares nada convencionais.
Pra uma criança o problema é ainda maior, pois ela pode crescer inconformada com os problemas do mundo e querer até mudá-lo. Dá pra imaginar! Tem outra coisa, ler pode estimular a criatividade, e você nao quer uma criancinha bancando um geniozinho por ai, quer?
Além disso, a leitura pode tornar o homem mais consciente. Ia ser uma confusão se todo mundo resolvesse exigir o que merece.
Nada de vagar pelos caminhos da imaginação simplesmente porque leu um bom livro.
Há quem diga que ler engrandece, mas eu não conheço um caso se quer.
Quer um conselho? Silêncio!
Ler só serve aos sonhadores e sua vida não é uma brincadeira!
Cuidado!
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.»

Campanha de incentivo à leitura – UNIVERSIDADE SALVADOR


A CASA
(VINICIUS DE MORAES)
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque pinico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na rua dos bobos
Número zero









NAO É TARDE

(INTERPRETADO POR FERNANDA BRUMM & ANA PAULA VALADAO BESSA)

Não é tarde para se sonhar
O céu ainda é azul há esperança
É só olhar no olhar de uma criança
No sorriso de uma mãe que deu à luz

Ouvirei os testemunhos
De bravos homens que venceram
Ouvirei dos cegos
Que ainda esperam a visão
Ouvirei canções que marcam
Toda uma geração
Não é tarde
Pra sonhar Não é não
Minha força vem de um Deus que faz milagres
Minha fé está além do impossível
Minha esperança viva está
Meu coração não quer parar
Pois nunca é tarde, não é tarde para se sonhar
(pois nunca é tarde pra sonhar)

Sempre há uma esperança para aqueles que esperam firmes nas promessas do Senhor
O Deus do impossível
Haja o que houver eu sonharei,
Seus lindos sonhos viverei, Não desistirei


Poema intitulado – SÓ DE SACANAGEM

(INTERPRETADO POR: ANA CAROLINA)
(COMPOSIÇAO: ELISA LUCINDA)

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
“ - Não roubarás!”
“ - Devolva o lápis do coleguinha!”
“ - Esse apontador não é seu, minha filha!”
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão: “ - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”
E eu vou dizer: ”- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
Dirão: “ - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
E eu direi: “ - Não admito! Minha esperança é imortal!”
E eu repito, ouviram? IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.


LUGAR DE ENCANTOS

Wesley Nascimento – 3º C - noturno

Lugar sem igual, no berço do cacau
Lugar que me encantei
É a minha terra natal
Que jamais esquecerei.

Praças de encantos tão naturais
De encantos...
Mesmo onde foi campo santo
Em simples reuniões, formavam-se multidões.

Em sua formação inicial
Muita coisa, aqui aconteceu
Sua paisagem natural, alguém modificou
Mas, a saudade desse lugar a eternizou.

Ilhéus, terra magnificante
Minha cidade, meu amor.
Lamento as destruições presentes
Porém, sua história, eu aplaudo com louvor.

Sempre me pergunto pra que tanta modernização
Pra que tanta transfiguração
Para que tanta realização
Se muitas vezes matam a nossa emoção.

Nem todos têm o que comemorar
Passado, presente, lamentos
Dos que foram deste santo lugar
Silêncio, ausência, sentimentos...

Sem esperança de progredir
Para bem longe daqui, filho tem que ir
Quando a velhice chegar
Um grande sonho a realizar.

A visão que se tem para guardar
Está aqui, lá, acolá... por toda parte.
Pessoas, lugares, o mar...
Esse é o meu lugar, que amo de verdade.





GESTAR RELATO DE ATIVIDADE TP Nº 4
FORMADOR: Eliane A. Cerqueira Fonseca DATA: 20/10/09


1. Identificação

NOME: Jussara de Lima Clement Ferreira POLO: Ilhéus TURMA: 02
ESCOLA: Colégio Modelo Luis Eduardo Magalhães DISCIPLINA: Redação


2. Dados realização

ESCOLA: COLÉGIO MODELO
SÉRIE: 3º ANO TURMA: C QUANTIDADE DE ALUNOS: 23 TURNO: NOTURNO
NOME DA ATIVIDADE: AVANÇANDO NA PRÁTICA – CIDADEZINHA QUALQUER
TP: 4 UNIDADE: 14 SEÇÁO: 3 PÁG. (S): 97 – 99
TEMPO DE REALIZAÇÃO – NÚMERO (QUANTIDADE) DE AULAS: 05

CONTEÚDOS TRABALHADOS:
ü Leitura e Processo de escrita
ü Leitura e Entonação
ü Interpretação de Poema
ü Interpretação de imagens

OBJETIVOS DA ATIVIDADE:
Ø Possibilitar ler e interpretar poemas.
Ø Opinar sobre um tema específico através da leitura.
Ø Demonstrar que a leitura de qualquer texto pode se tornar mais interessante quando lido com uma entonação adequada.
Ø Analisar os sentimentos e emoções vividos durante a atividade.
Ø Comprovar que a leitura é uma das melhores formas de ampliar conhecimentos.

RECURSOS UTILIZADOS:
Texto impresso, TV pendrive, data show, aparelho de DVD, filmes.

ESTRATÉGIAS DE ORGANIZAÇÁO ESPACIAL DA SALA DE AULA:
A aplicação dessa atividade não foi realizada na sala de aula, aconteceu no auditório. Ocupamos os assentos do local, para assistir e discutir o tema proposto pela atividade.


3. Execução e avaliação da atividade

3.1 Desenvolvimento:
Ø No dia 02 de outubro, durante a execução da aula do TP3, informei que na semana seguinte realizaríamos outra atividade – na verdade, tentei sensibilizá-los e motivá-los a participarem do momento posterior, bem como pedi que instigassem os demais colegas que não compareceram à atividade do TP3.

Ø A atividade escolhida foi o “Avançando na Prática – Cidadezinha qualquer”, páginas 97 a 99, seção 3 da unidade 14 do TP4: antes mesmo de informar os objetivos da aula, conteúdos e estratégias, iniciei a aula passando o vídeo “Ler devia ser proibido”, uma vez que o objetivo principal era demonstrar quão importante é a leitura para nossas vidas.

Ø Após assistirem o vídeo, pedi que opinassem sobre o tema e o conteúdo assistido.

Ø Em seguida, expliquei como seria a aula, o porquê de estarmos novamente no auditório; apresentei os objetivos da aula e minhas expectativas para aquele momento.

Ø Para motivar e estimular a participação de todos, apresentei outro vídeo com a música de Vinicius de Moraes – “A Casa”, cujo objetivo foi questioná-los o porquê de o autor ter escrito essa canção, estimulando-os a pensar num endereço para essa residência (Rua dos Bobos, número 0), como poderíamos chamar o nome do bairro, e a cidade que nome teria, seria no Brasil? Por quê?

Ø Após o momento de reflexão, apresentei o título do poema, falei sobre a vida do autor: perguntei se já ouviram falar de Drummond, de onde ele era, e se conheciam algum outro poema ou texto dele.

Ø À continuação, refletimos sobre o título do poema, sobre as possíveis informações presente no poema, pedi que opinassem sobre o tema.

Ø Posteriormente, recitei o poema projetado no data-show.
Ø
Ø Nesse momento, solicitei que explicassem o que entenderam do poema lido. Depois de ouvir a interpretação dos alunos, apresentei umas fotos da cidade de Ilhéus, indaguei se poderíamos aplicar o poema a nossa cidade. E em sequência, mostrei-lhes algumas fotos de Itabira, uma foto da estatua do poeta sentado no banco de Copacabana e outra na sua cidade natal, questionando se em nossa cidade também possuímos algo parecido (Jorge Amado, sentado no Vesúvio), e o porquê de tais cidades colocarem esculturas dos escritores.

Ø Também de maneira bem descontraída, fiz uma breve análise da estrutura do poema.

Ø Com o intuito de sistematizar o que aprendemos na aula, solicitei que produzissem um texto relatando suas experiências (ao som da musica “NÃO É TARDE”) – informando o que aprenderam durante a aula, avaliando criteriosamente a atividade, considerando os objetivos e estratégias utilizadas pela professora, aluno (avaliação individual) e colegas durante a aula, bem como explicitassem suas emoções e sentimentos vividos durante toda a atividade.

Ø Durante a produção escrita dos alunos, entreguei um chocolate para cada um deles (estudos científicos comprovam que o chocolate nos dá uma sensação de felicidade, tornando o momento da escrita mais prazerosa).

Ø Pedi que alguns alunos lessem o que escreveram e para concluir, apresentei também uma síntese da aula, avaliei a aula e relatei meus sentimentos e emoções também vivenciados na noite.

Ø E finalmente, encerrei a atividade com outro poema em vídeo, este interpretado pela cantora Ana Carolina, intitulado “Só de sacanagem”, reiterando as vantagens pessoais que adquirimos quando estudamos, lemos e interpretamos poemas.

3.2 Reflexões críticas do professor sobre a atividade desenvolvida:
Ø A escolha da atividade, dentre 05 outras possíveis, deu-se por duas razões: 1) por ser a única que propôs uma atividade ainda com o gênero poético; 2) por ser a única atividade que é possível aplicá-la em um único encontro (devido ao pouco tempo, não conseguiria aplicar o TP4 com qualidade e eficiência, se tivesse que utilizar vários dias para a sua execução).

Ø A proposta foi bastante interessante, pude explorar o poema sugerido e também acrescentar outros recursos e outros poemas.

Ø Como já informado, a aplicação dos TPs no 3º ano C noturno foi uma decisão consciente, por acreditar que estes alunos possuam uma motivação maior em relação às produções artísticas em geral, por já possuírem um prévio conhecimento sobre o gênero estudo, facilitando o andamento da atividade em questão.

Ø Em nenhum momento tive dificuldade para desenvolver a atividade, aproveitei a ausência de uma professora que está em licença maternidade, para aplicar em três horas/aulas.

Ø O único “problema” durante a minha aplicação do TP4 foi a ausência de João Vitor, um dos alunos selecionados para a amostragem de aprendizagem. Em sua substituição, apresento o relato e análise do aluno Josiel.

Ø Uma experiência bastante significativa foi a participação voluntaria do aluno Wesley. O discente recita um dos seus poemas que fala sobre a cidade de Ilhéus, poema este que o levou a concorrer o festival de Arte e Literatura do Estado da Bahia.

3.3 Avaliação crítica sobre as estratégias utilizadas pelos alunos para a realização da atividade:
Ø Primeiramente, após assistirem o vídeo “Ler devia ser proibido”, relataram oralmente sobre o que compreenderam sobre o assistido em relação à importância da leitura em nossas vidas.

Ø Um segundo momento, os alunos depois de conhecerem maiores informações sobre o autor, elaboraram hipóteses sobre o título do poema que trabalharíamos na aula (ressaltando que até o momento não haviam lido o conteúdo do poema)

Ø Logo depois do recital, os alunos relacionaram o texto escrito às imagens das cidades de ilhéus e Itabira, ainda falando sobre o tema cidade, foram estimulados para falar de seus sonhos em relação a viver ou conhecer outras cidades.

Ø Um momento posterior, depois de uma analise sobre o poema, os alunos escreveram suas conclusões sobre a atividade (reafirmo que em nenhum momento se opuseram em participar de todas as partes da aula).

Ø Depois de compartilhar as experiências vividas durante a aula, e antes de encerrar a atividade passando o vídeo com o poema “Só de Sacanagem”, interpretado por Ana Carolina, o aluno Wesley declamou um poema de sua autoria, que fala da cidade de Ilhéus. Neste momento, todos os colegas vibraram e incentivaram a participação do aluno.

Ø Por fim, despedimo-nos assistindo ao vídeo do poema “Só de Sacanagem”.


3.4 Conclusão do professor referente ao planejamento, execução e avaliação da atividade:

Ø PLANEJAMENTO: Tive o cuidado de planejar e organizar tudo de maneira que os que participassem se sentissem bem. Tudo foi elaborado antecipadamente para que nada saísse errado.

Ø EXECUÇÃO: Organizei o espaço antes do horário de aula, selecionei os vídeos e a música que me interessariam para demonstrar quão importante é a leitura, os seus efeitos e o porquê nunca devemos desistir. A atividade aconteceu conforme planejada.

Ø AVALIAÇÃO: Desta vez vieram mais alunos, estes motivados pelas informações dos que estiveram na aula anterior, participaram de quase todas as etapas sem nenhuma resistência, Apenas na hora de escrever e compartilhar o que produziram senti uma pequena resistência por parte de três alunos. Dos três alunos, uma esteve na aplicação do TP3, naquele momento nada lhe impediu de relatar oralmente e por escrita o que sentira, no entanto, na atividade acorrida no dia 09 de outubro, percebi que ficou inibida (talvez por haver mais pessoas). Dos outros dois alunos, um realmente apresenta sérios problemas na escrita, praticamente não sabe escrever, embora esteja no 3º ano do ensino médio. No momento que este disse que tinha dificuldades para escrever, informei que não estava ali para avaliá-los, mas queria o seu relato de experiência, mesmo que o escrevesse “errado”, e então, foi encorajado e escreveu algumas coisas sobre a aula.
Estiveram participando da atividade 15 pessoas no total.











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KAREN ELOÁ DE ASSUMPÇÃO PEREIRA

TP3

TURMA DA PROFESSORA KARE ELOÁ





GESTAR II
2009 / 2010

Formadora: Eliane Cerqueira

RELATO DE ATIVIDADE

Ilhéus – BA
Setembro / 2009


1. IDENTIFICAÇÃO DA CURSISTA


Nome: Karen Eloá de Assumpção Pereira
Escola: Colégio Estadual Paulo Américo de Oliveira
Pólo: Ilhéus
Turma: 2009 / 2010
Disciplina: Língua Portuguesa


2. DADOS REALIZAÇÃO


ESCOLA: Colégio Estadual Paulo Américo de Oliveira
SÉRIE: 7ª TURMA: B QUANTIDADE DE ALUNOS: 34 TURNO: Vespertino
NOME DA ATIVIDADE: Reconhecendo Gêneros Textuais
TP: 3 UNIDADE: 9 SEÇÃO: 3 P. 23 - 25
TEMPO DE REALIZAÇÃO: 02 aulas (1h. e 40 min.)

CONTEÚDOS TRABALHADOS: Leitura, Gêneros textuais, Interpretação de textos verbais e não-verbais.

OBJETIVOS DA ATIVIDADE: Relacionar gêneros textuais e competência sociocomunicativa; identificar características que levam à classificação de um gênero textual.

RECURSOS UTILIZADOS: Tv pen-drive, pen-drive, papéis coloridos, lousa, pincel, folhas impressas com as atividades, material de apoio de cada aluno (lápis, caneta e borracha).

ESTRATÉGIA DE ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DA SALA DE AULA: Iniciar a aula em semicírculo (momento da sensibilização, da conversa inicial e da exposição oral dialogada sobre a temática a ser abordada); formação de grupos com quatro pessoas cada um; retorno ao semicírculo (conclusão da atividade).


3. EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE


3.1 - DESENVOLVIMENTO:

1) Sensibilização: Apresentação de uma mensagem na TV PEN-DRIVE (“Retorno para a inocência”) e conversa informal com os alunos sobre as primeiras impressões acerca da mensagem apresentada;
2) Conversa inicial sobre gêneros textuais (destaque para o gênero diário e para a propaganda), valorizando os conhecimentos prévios apresentados pelos alunos;
3) Leitura (feita pela professora) dos textos a serem trabalhados com os alunos;
4) Exposição oral dialogada a partir de cada um dos textos apresentados (momento dos comentários e das discussões sobre o tema posto em questão);
5) Formação de grupos, com quatro pessoas cada um (Critério de divisão dos grupos: cada aluno recebeu um pedaço de papel cartaz colorido, a partir da explicação do comando sobre a técnica aplicada pela professora, os alunos que portavam a fichas com as cores em comum foram se agrupando), para análise / debate dos textos apresentados;
6) Formados os grupos, foram distribuídas as folhas impressas de atividades;
7) Orientação para a realização do trabalho de interpretação textual;
8) Momento de debate e reflexões sobre as questões colocadas (em grupo) e respondidas;
9) Correção das atividades respondidas (os grupos foram desfeitos, a turma retomou a posição de semicírculo);
10) Conclusão da atividade (construção de um painel elaborado com a participação de toda a turma).



3.2 - REFLEXÕES CRÍTICAS DA PROFESSORA SOBRE A ATIVIDADE DESENVOLVIDA:


O conteúdo trazido pela atividade foi muito bem absorvido pelos alunos, sendo que eles já mostraram certa percepção em relação à existência de diferentes gêneros textuais, além de terem noção do que é texto verbal e texto não-verbal.
A atividade foi muito produtiva no que se refere à oralidade, pois os alunos participaram ativamente do debate, das reflexões geradas em sala de aula e das opiniões trocadas em grupos. Entretanto, apesar de mostrarem-se com certa facilidade para expressarem oralmente seus conhecimentos e suas experiências, os alunos tiveram grande dificuldade para interpretar os questionamentos colocados e respondê-los por escrito.
Um aspecto negativo em relação à atividade, independente da postura dos alunos frente aos desafios por eles encontrados, foi a extensão do questionário a ser respondido. Chegou um certo momento em que os alunos já mostravam sinais de cansaço em responder uma quantidade relativamente grande de perguntas, inclusive o tempo previsto para duas aulas não foi suficiente, sendo a atividade estendida por mais meia hora.


3.3 - AVALIAÇÃO CRÍTICA SOBRE AS ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELOS ALUNOS PARA A REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE:


Os alunos, em ampla escala, utilizaram-se da oralidade para sistematizar os seus conhecimentos: discutindo em grupo, trocando experiências e conversando sobre suas vivências e pontos de vista sobre a temática abordada na atividade.
Por apresentarem maiores dificuldades em transpor suas respostas para o registro escrito, muitos tiveram o cuidado em utilizarem uma folha de rascunho antes de passar as respostas para as apostilas a serem recolhidas, apesar desse cuidado, o resultado por escrito não foi satisfatório.


3.4 - CONCLUSÃO DA PROFESSORA REFERENTE AO PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE:


Ao chegar no final da atividade, mesmo tendo todo o empenho em planejar o momento da aplicabilidade, elaborar um material bem apresentável e legível para o aluno, criar possibilidades de dinamizar a aula e a maneira de direcionar a atividade, ficou evidente que, para os alunos não perderem a motivação, seria necessária uma redução na quantidade de perguntas a serem respondidas por escrito, pelo menos até haver uma adequação a esse tipo de exercício a ser desenvolvido.


TP4

GESTAR II
2009 / 2010

Formadora: Eliane Cerqueira


RELATO DE ATIVIDADE

Ilhéus – BA
Outubro / 2009


1. IDENTIFICAÇÃO DA CURSISTA


Nome: Karen Eloá de Assumpção Pereira
Escola: Colégio Estadual Paulo Américo de Oliveira
Pólo: Ilhéus
Turma: 2009 / 2010
Disciplina: Língua Portuguesa

2. DADOS REALIZAÇÃO


ESCOLA: Colégio Estadual Paulo Américo de Oliveira
SÉRIE: 7ª TURMA: B QUANTIDADE DE ALUNOS: 34 TURNO: Vespertino
NOME DA ATIVIDADE: O processo da leitura
TP: 4 UNIDADE: 14 SEÇÃO: 1 - 2 P. 80
TEMPO DE REALIZAÇÃO: 02 aulas (1h. e 40 min.)

CONTEÚDOS TRABALHADOS: Leitura e Interpretação de textos.

OBJETIVOS DA ATIVIDADE: Relacionar objetivos com diferentes textos e significados da leitura.

RECURSOS UTILIZADOS: Tv pen-drive, pen-drive, caixa, papel, hidrocor, pirulitos, lousa, pincel, folhas impressas com as atividades, material de apoio de cada aluno (lápis, caneta e borracha).

ESTRATÉGIA DE ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DA SALA DE AULA: A sala foi arrumada em semicírculo e assim permaneceu durante todo o momento da atividade (por escolha dos alunos).


3. EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE

3.1 - DESENVOLVIMENTO:

1) Sensibilização (Dinâmica de grupo → organizados em círculos, os alunos receberam a explicação sobre o processo da dinâmica, uma música foi colocada para tocar (tv pen-drive) e uma caixa começou a circular entre a turma. Cada vez que a música parava, um aluno retirava uma ficha que continha um determinado adjetivo e escolhia um colega que melhor se encaixasse nele. Assim transcorreu durante algumas rodadas, até que um aluno foi escolhido pela qualidade de solidário e recebeu um saco de pirulito, o qual foi dividido com seus colegas);
2) Conversa inicial sobre a importância da solidariedade entre amigos, colegas, vizinhos de bairros, pessoas de uma comunidade no geral, destacando a importância da conscientização da limpeza do espaço que essas pessoas dividem, chegando à questão da preservação do meio ambiente e já ligando ao tema dos textos a serem trabalhados;
3) Distribuição das folhas impressas de atividades;
4) Leitura (feita pela professora) dos textos a serem trabalhados com os alunos;
5) Exposição oral dialogada a partir de cada um dos textos apresentados (momento dos comentários e das discussões sobre o tema posto em questão);
6) Orientação para a realização do trabalho;
7) Momento de leitura silenciosa e interpretação textual;
8) Entrega das atividades (os alunos foram orientados a responder e entregar, para que, num segundo momento a professora devolvesse com a correção já feita).


3.2 - REFLEXÕES CRÍTICAS DA PROFESSORA SOBRE A ATIVIDADE DESENVOLVIDA:


O conteúdo trazido pelos textos escolhidos para a atividade foi muito bem absorvido por todos os alunos, sendo que eles deixaram evidente grande facilidade em expor posicionamentos acerca do tema. Para a turma, falar (e escrever) sobre o seu dia-a-dia, sobre seu bairro, sua cidade e sobre o que conhecem de outras cidades, foi um exercício agradável e de grande importância para a sua auto-estima, já que vivências do seu cotidiano estavam sendo valorizadas.
A atividade foi muito produtiva no que se refere à oralidade, pois os alunos participaram ativamente das reflexões geradas em sala de aula e das opiniões trocadas entre os colegas no momento da conversa inicial. Entretanto, apesar de mostrarem-se com facilidade para expressarem oralmente seus conhecimentos e suas experiências, os alunos sempre mostram grande dificuldade para interpretar o que está sendo lido e o que está sendo perguntado. E esse transtorno passa a ser ainda maior quando eles precisam expressar as suas idéias por escrito.


3.3 - AVALIAÇÃO CRÍTICA SOBRE AS ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELOS ALUNOS PARA A REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE:


Os alunos, em ampla escala, utilizaram-se da oralidade para sistematizar os seus conhecimentos: expondo suas opiniões para toda a turma, discutindo entre si e trocando experiências a partir da temática abordada na atividade.
Por apresentarem maiores dificuldades em transpor suas respostas para o registro escrito, muitos tiveram o cuidado em utilizarem uma folha de rascunho antes de passar as respostas para as apostilas a serem recolhidas, apesar desse cuidado, o resultado por escrito não foi satisfatório.


3.4 - CONCLUSÃO DA PROFESSORA REFERENTE AO PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE:


Ao chegar no final da atividade, mesmo tendo todo o empenho em planejar o momento da aplicabilidade, montar um material bem apresentável, elaborar questões compreensíveis para o aluno, criar possibilidades de dinamizar a aula e a maneira de direcionar a atividade, ficou evidente que os alunos mostram grande dificuldade em interpretar não só o texto que lê, como também em entender os questionamentos que são colocados, além de se expressarem, na escrita, de maneira muito confusa. Tal fato, para quem tenta tornar menos dolorosa a tarefa de entendimento de textos, deixa um sensação angustiosa de que não houve um processo de comunicação efetivado.


TP5

GESTAR II
2009 / 2010

Formadora: Eliane Cerqueira

RELATO DE ATIVIDADE

Ilhéus – BA
Novembro / 2009



1. IDENTIFICAÇÃO DA CURSISTA


Nome: Karen Eloá de Assumpção Pereira
Escola: Colégio Estadual Paulo Américo de Oliveira
Pólo: Ilhéus
Turma: 2009 / 2010
Disciplina: Língua Portuguesa



2. DADOS REALIZAÇÃO


ESCOLA: Colégio Estadual Paulo Américo de Oliveira
SÉRIE: 7ª TURMA: B QUANTIDADE DE ALUNOS: 34 TURNO: Vespertino
NOME DA ATIVIDADE: A construção da coerência textual
TP: 5 UNIDADE: 18 SEÇÃO: 2 P. 93-94
TEMPO DE REALIZAÇÃO: 02 aulas (1h. e 40 min.)

CONTEÚDOS TRABALHADOS: ►Linguagem verbal e não-verbal;
► Coerência textual;
►Produção de textos.

OBJETIVOS DA ATIVIDADE: Verificar como se constrói a coerência nos textos publicitários.

RECURSOS UTILIZADOS: Tv pen-drive, pen-drive, papel, hidrocor, lápis de cera, cola, lousa, pincel, folhas impressas com as atividades, material de apoio de cada aluno (lápis, caneta e borracha).

ESTRATÉGIA DE ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DA SALA DE AULA: Não houve modificação na organização espacial da sala. Os alunos permaneceram nos seus lugares (filas duplas).



3. EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE


3.1 - DESENVOLVIMENTO:

1) Dinâmica de grupo → os alunos receberam a explicação sobre o processo da dinâmica, uma música foi colocada para tocar (tv pen-drive), foram entregues folhas de ofício, lápis de cera e hidrocor. Cada aluno desenhou uma flor no centro da folha recebida, dividiu a folha (na horizontal) em duas partes iguais e passou uma das metades para o colega que estava ao se lado direito, ficando cada aluno com duas partes diferentes, as quais foram coladas. A folha fora dobrada na vertical, mais uma vez dividida e uma das metades passada para o colega da direita. Unidas as partes das folhas desenhadas, cada aluno observou o resultado do processo e alguns aceitaram falar sobre suas impressões acerca da dinâmica;
2) Sensibilização → Conversa inicial sobre o conceito e a importância da coerência nos textos, utilizando como exemplo (de falta de coerência) a própria flor resultante do processo de trocas feito na dinâmica de grupo. Para destacar a presença da coerência na linguagem verbal e não-verbal dos textos publicitários foi escrita, isoladamente do contexto, uma frase na lousa (“Feia, careca, desdentada e linda”.) e alguns alunos falaram sobre ela. Após apresentadas algumas opiniões sobre a frase por parte dos alunos, uma imagem foi apresentada na tv pen-drive e comentada pela professora (chamando a atenção para a coerência entre linguagem verbal e não-verbal na publicidade) ;
3) A segunda imagem foi apresentada para os alunos, os quais foram estimulados a expor os seus posicionamentos acerca da maneira como foi trabalhada a coerência no anúncio e acerca do conteúdo em si (A importância da água para o nosso planeta);
4) Distribuição das folhas impressas da atividade a ser feita (produção textual);
5) Orientação para a realização do trabalho;
6) Momento da produção textual;
7) Entrega das atividades (os alunos foram orientados a responder e entregar, para que, num segundo momento a professora devolvesse com a correção já feita).



3.2 - REFLEXÕES CRÍTICAS DA PROFESSORA SOBRE A ATIVIDADE DESENVOLVIDA:


O conteúdo trazido pela atividade escolhida foi muito bem absorvido por todos os alunos, por conta, principalmente dos exemplos concretos apresentados (a flor construída na dinâmica e as imagens de textos publicitários exibidas na tv pen-drive). Tal absorção pôde ser comprovada pela maneira como eles expuseram oralmente suas impressões acerca dos textos (verbais e não-verbais) trabalhados em sala de aula.
A atividade foi muito produtiva no que se refere à oralidade, pois os alunos participaram ativamente das reflexões geradas em sala de aula e das opiniões trocadas entre os colegas no momento da conversa inicial. A pesquisa feita a priore tendo como tema “A importância da água para o nosso planeta” ajudou muito, pois os alunos tiveram mais segurança para expor oralmente seus conhecimentos sobre o assunto.
As dificuldades para se expressarem na linguagem escrita são recorrentes, alguns alunos não têm nem noção de paragrafação, alinhamento das margens e pontuação. As regras ortográficas e a concordância verbal são os pontos de desvios mais freqüentes. Entretanto, como muitos alunos haviam pesquisado anteriormente sobre o tema proposto para a produção textual, alguns textos apresentaram grandes riquezas de informação.
Infelizmente, pela falta de tempo, não houve possibilidade dos alunos lerem para os seus colegas os textos que produziram, o que seria de grande importância para cada um sentir valorizada a sua produção.


3.3 - AVALIAÇÃO CRÍTICA SOBRE AS ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELOS ALUNOS PARA A REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE:


Os alunos, em ampla escala, tiveram facilidade para expor seus conhecimentos: expondo suas opiniões para toda a turma, discutindo entre si e trocando conhecimentos a partir da temática abordada na atividade (usando, principalmente, as informações obtidas nas pesquisas que trouxeram para a sala de aula).
Por apresentarem maiores dificuldades em transpor suas idéias para o registro escrito (momento da produção textual), muitos tiveram o cuidado em utilizar uma folha de rascunho antes de passar o texto para a folha a ser recolhida.

3.4 - CONCLUSÃO DA PROFESSORA REFERENTE AO PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE:


Essa atividade, em comparação com as anteriores, rendeu resultados mais recompensadores. Os alunos assimilaram um conceito abstrato – COERÊNCIA – com uma facilidade surpreendente, creio que os exemplos concretos disponibilizados em sala de aula ajudaram muito.
O momento da produção textual também não foi tão sofrido, pelo fato dos alunos já terem tido oportunidade de ler e pesquisar sobre o tema a ser desenvolvido anteriormente. Entretanto, para os alunos, sendo o ato de escrever menos natural do que o ato de falar, a escrita ainda se mostra como um grande obstáculo a ser enfrentado.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Memorial

Nasci em São Paulo em uma década difícil, após o golpe militar, nos chamados anos rebeldes, foi em 1965 que cheguei, parecia não ser o momento, mas assim quis o destino.

Filha de retirantes nordestinos, pai baiano e mãe paraibana encontraram-se para dar a luz a uma paulistana. Ano de recessão e desemprego. Durante minha gestação, pai perde o emprego, trinta dias após parição é a vez da mãe, desilusão!

Quem era um, agora são três, sonhos no bolso, necessário retorno três meses após meu nascimento. Família em festa no interior da Bahia, chegada do filho, nora e a primeira netinha. Felicidade, família completa, sorte minha!

Quatro gerações: bisa sentada, tia Tuninha à esquerda e Vó Milú à direita. Eliane com quatro meses

Fui crescendo nos braços de bisavó, vovó, vovô e tia. Ouvindo cantigas de ninar, ouvindo histórias para dormir e aprendendo a reza

Sentávamos na varanda no final da tarde, minha bisa em uma cadeira, eu, minhas irmãs mais novas e algumas meninas da rua para ouvir histórias de assombração (as preferidas), de fadas e animais que falam. Esses momentos não durariam muito, assim quis o destino.

Meus pais se separaram, tempos difíceis, minha mãe fugiu para Paraíba, nos levando as escondidas, fugimos de navio, para não deixar marcas no caminho.

Adeus! Fadas encantadas, Lobisomem, Assombração. Adeus! Burrinho falante, Cavalo voador, adeus! Adeus, professorinhas da escola perto de casa do B-A-BA com docinhos. Bonequinhas, meus brinquedinhos, adeus!

Agora é a lei da palmatória, se não aprender, “bolo” na mão ! E aquele “H” difícil de fazer, quantos dias sem recreio, de castigo. Ler é ruim, dói muito, é sofrido! “Ah! Que saudade que não tenho dos meus oito anos!

Lembro-me de cartilhas, apenas, não lembro de livrinhos de histórias, foi um tumulto meus primeiros anos de escola. Alfabetizanda em três Estados do Brasil, Bahia, Paraíba e por último São Paulo.

Na década de setenta retornamos para São Paulo, minha mãe, eu e minhas irmãs, anos terríveis. Mãe para a fábrica (mão operária da metalúrgica), cada irmã em uma casa de amigos de mãe. Eu fiquei mais distante delas, fui morar em uma casa de uma família muito grande. Para pagar o favor da moradia, era preciso trabalhar, ajudar nas tarefas , varrer, passar, encerar, subir em banquinhos para alcançar os pratos na pia e lavar. Brincar? Não pode! Mas sabia que uma fada apareceria, um dia!

Desfile de 7 de setembro- 4 anos

Lá na Bahia, Minha bisa foi morar com os anjos! Adeus, adeus! A notícia chegou, mas mãe guardou.

Um ano morando distante de minhas irmãs... Cadernos e livros compartilhados com coleguinhas generosos.

Ano de muito trabalho e pouco lazer! Distante de minhas irmãs e de tudo que era bom. No ano seguinte, mãe aluga uma casa e vamos ficar juntas. Eu com 9 anos daria conta de tudo, das tarefas domésticas, dos cuidados com minhas irmãs e com seus estudos. Fomos matriculadas em uma escola grande: “Escola Estadual Professor Eusébio de Paula Marcondes”,

Íamos juntas para a escola, não muito longe de casa, voltávamos juntas, brincávamos e juntas também brigávamos. Brincava de professora com elas, ensina tudo que aprendia e a gente até sorria.

Nessa época conhecia a “Turma da Mônica” de Maurício de Sousa. Que ganhamos de uma tia, irmã de mãe. Os dias pareciam mais coloridos, quase como nas histórias em quadrinhos. Esse momento duraria pouco também!

Um acidente, um ônibus, um atropelamento. Meses longe da escola, dos gibis, só o desenho animado poderia me animar. Muita censura, pouco para assistir! “Vila Sésamo” em preto e branco. Bom lembrar !

Um ano escolar perdido, colegas para encontrar, o retorno. Recuperar o tempo perdido. “Saci Pererê , Os Três Porquinhos, Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, a Bruxa Malvada!” Voltei aos contos de fadas, eles me abraçaram com carinho. Na 3ª série, professora carinhosa. Lia tudo com vontade, livros coloridos, os da escola. Parecia até criança, mas com dez anos, criança não era.

Meus avôs paternos pediram e mãe deixou que passássemos as férias na Bahia. Dias felizes aqueles. Dias quentes e noites mornas de janeiro. Cheiro de doce no ar, colo de vovó, brinquedos, cabelos nas tranças, brincadeira de roda, amigas da infância. Era muito bom para voltar! As férias acabariam! Recebemos autorização para ficar.

Professora Lizu, 15.11.19977- 4a. série. Escola Presidente Médice- São Felipe – BA.

Novos amigos, nova escola, professoras tias, professoras vizinhas, as histórias de volta. O Sítio do Pica-Pau Amarelo no final das tardes. “Como era doce aquele sonhar!” Eu sabia que as fadas viriam um dia!

No ano seguinte, minha irmã caçula chega com minha mãe para passar as férias. A mãe volta, mas a caçula fica e recupera a infância que parecia perdida.

As histórias continuaram mais prazerosas, sem medos, sem sustos. A ficção vinha tranqüila, alimentar minha imaginação: Alice no país das Maravilhas, O Pequeno Príncipe, Rapunzel, entre outros. Agora, estava em minha casa, na cidade de São Felipe na Bahia. Assim foi passando a meninice.

Na adolescência, tive aula com professor Silvio, ele nos apresentou José de Alencar, “Cinco Minutos”, me fez sonhar. Depois “Senhora”, a Virgem dos lábios de mel, Iracema, assim queria ser chamada. Machado de Assis foi chegando devagar, por isso fiquei apaixonada. Não demorou, Bandeira chegou, depois Drummond, mas antes deles muitas poesias de amor.

Em um diário escrevia durante a adolescência, mas o tempo levou as lembranças, as primeiras marcas das leituras de infância e meus primeiros versos de amor.

Fiz o curso de Magistério em São Felipe, ai começou outra missão que estava sendo preparada desde menina, em brincadeira de criança, quando era a professora de minhas irmãs. Conclui o curso em 1984, Fui para São Paulo no ano seguinte e logo comecei a lecionar.

Professora substituta da escola Estadual Professor Eusébio de Paula Marcondes. Ensinava a 1ª e 2ª séries, as crianças adoravam aulas com histórias... Anos depois, a faculdade, antes disso, muita dificuldade! Foi preciso deixar de lado o Magistério, pois o que ganhava na educação não dava conta da minha educação!

Nessa época apareceu um Anjo para me ajudar, estudávamos juntos e muitas leitura para compartilhar, professor de história ele se tornaria. Nosso casamento aconteceu. Faculdade de Letras concluída, professora contratada para 5ª e 6ª series, 7ª. e 8ª,mais tarde, supletivo noturno e por último o Ensino Médio na mesma escola. Nessa época fiz um curso de teatro: ler para dramatizar, meus alunos só iam ganhar: “A Verdadeira História de Cinderela – comedia”, “Morte e Vida Severina”, “O Auto da Barca do Inferno”, saindo dos livros para a vida (peças apresentadas pelo alunos para a comunidade). Quanta diversão vivemos juntos! Líamos juntos a coleção Vaga-Lume da editora ática entre outros que eu ganhava.

Nos anos seguintes veio o curso de Pedagogia, logo após me tornei vice-diretora da mesma escola. A biblioteca ganha vida! No ano seguinte assumi a direção geral, chegou a vez do cultural: Festas Juninas e ateliê de Educação Artística, Projetos de Leitura saindo do papel. Esses momentos não durariam muito, eu já sabia. Eu desejava muito voltar para a Bahia!

Aqui cheguei no final de 1996, no bolso algum dinheiro, na cabeça muitas idéias que não poderiam ser colocadas em práticas. Escolas particulares, quantas particularidades! Concursos: Escolas Municipais e Estaduais, quantas dificuldades! Fui me adaptando... Procurando aprender, ler

COLE – Junho de 2005

mais, para ensinar melhor. Fiz duas Especializações, Leitura e Produção Textual na Escola, foi a primeira, em 2003. Muitas ações a partir daí aconteceram. Nessa ocasião conheci Professor Doutor Odilon Pinto de Mesquita Filho na UESC, que me apresentou a teoria Análise do Discurso e muito leitura a partir daí. “É como diz Ezequiel Theodoro “As competências de leitura crítica não aparecem automaticamente: precisam ser ensinadas, incentivadas e dinamizadas pelas escolas no sentido de que os estudantes, desde as séries iniciais, desenvolvam atitudes perante os materiais escritos. (1998 p.27)” 1 Daí a importância de professor, Odilon na minha vida, pois exigia de mim um posicionamento crítico diante do escrito, não deveria concordar com tudo, mas teria que estar fundamentada para isso. Esse exercício não tive na infância. E o Professor Doutor Luiz Percival Leme Britto aprofundou nossos conhecimento sobre os estudos de Sírio Possenti. Motivada por esses dois fui ao Congresso de Leitores do Brasil na UNICAMP(COLE), conheci João Wanderley Geraldi, Ezequiel Theodoro, e Eni Orlandi, e muitos outros. Nossa que mundo ! Fui ao meu primeiro GELNE (Grupo de Estudos de Linguistas do Nordeste), na Paraíba com professor Odilon, apresentei uma pesquisa sobre “O Discurso sobre o Cangaceiro no Romance Fogo Morto” Foi maravilhoso fazer essa homenagem a esse autor paraibano. Conhecia Professora Ingedore V. Koch nesse encontro, tive a oportunidade de ouvir seus ensinamentos e a partir daí me interessar mais por suas obras (ela lembrou muito minha bisa). A minha segunda especialização foi muito especial: Educação de Jovens e Adultos, professor Odilon continuava me ajudando e indicando leituras. Conheci o professor Francisco de Souza que foi amigo e seguidor de Paulo Freire. Imaginem as leituras a partir daí. O legado deixado por ele foi importante em minha caminhada. E outros cursos foram surgindo no caminho, até que chegou o GESTAR, mas a estrada é longa, as dificuldades tantas é preciso caminhar.

E, agora encontro Professora Rosa Maria Olímpio, que me proporciona essa viagem no tempo, fazendo vasculhar os cantinhos da minha alma, para que eu documentasse momentos tão importantes da minha vida e assim ter certeza que não estou só. Eu sou o outro: sou minha família, meus amigos, meus professores. Meus alunos e meus livros. E Magda diz: “A leitura é uma interação verbal de indivíduo e indivíduos socialmente determinados. O leitor de um lado – com o seu universo, com o seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros - e, de outro lado, o autor – seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros . Entre autor e leitor há uma enunciação ou diálogo.”(1998, p.87) 2

E aqui estou, tentando seduzir, encantar, motivar, entregando passagens para a viagem ao mundo encantado da leitura e nesse diálogo, procurar respeitar para amar mais o outro.

1 SILVA, Ezequiel Theodoro da. Criticidade e Leitura:ensaios:Uma leitura da leitura crítica. Campinas, SP Mercado deLetras, 1998.
2 SOARES, Magda Becker. Criticidade e Leitura:ensaios:Uma leitura da leitura crítica. Campinas, SP Mercado deLetras, 1998